quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FELICIDADE INTERNA BRUTA - FIB

Já ouviu falar em Felicidade Interna Bruta?
O termo foi criado pelo rei do Butão Jigme Singye Wangchuck, em 1972, em resposta a críticas que afirmavam que a economia do seu país (Himalaia) crescia miseravelmente, bem como em resposta ao questionamento se o Produto Interno Bruto seria o melhor índice para designar o desenvolvimento de uma nação.
Desde então, o reino do Butão começou a praticar esse conceito e atrair a atenção do resto do mundo com a sua nova fórmula para o cálculo de riqueza de um país, que considera outros aspectos além do desenvolvimento econômico, como a conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.
Enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento têm como objetivo primordial o crescimento econômico, o conceito de FIB baseia-se no princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana surge quando o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento material são simultâneos, assim se complementando e reforçando mutuamente.
Os quatro pilares da FIB são a promoção de um desenvolvimento socio-econômico sustentável e igualitário, a preservação e a promoção dos valores culturais, a conservação do meio ambiente natural e o estabelecimento de uma boa governança. Portanto, através desses 4 pilares da FIB, ou seja, economia, cultura, meio ambiente e boa governança, derivam-se 9 domínios de onde são extraídos indicadores para que a “Felicidade” de uma nação seja avaliada. São eles:
Bem-estar psicológico Avalia o grau de satisfação e de otimismo que cada habitante tem em relação à sua própria vida. Os indicadores incluem a prevalência de taxas de emoções tanto positivas quanto negativas, como os sentimentos de egoísmo, inveja, calma, compaixão, generosidade e frustração. O estresse, as atividades espirituais, a auto-avaliação da saúde física e mental, também são analisados.
Meio Ambiente Mede a qualidade da água, do ar e do solo e a biodiversidade. Os indicadores incluem o estado dos recursos naturais, as pressões sobre os nossos ecossistemas, a diversidade e resiliência ecológica.
Saúde A relação entre saúde e bem-estar é auto-explicativa. O objetivo desse indicador é mostrar os resultados das políticas de saúde. Critérios, como expectativa de vida, também entram na conta. Os indicadores de status de saúde incluem a auto-avaliação da saúde, invalidez, as limitações para atividades e a taxa de dias saudáveis. Os indicadores dos fatores determinantes de saúde incluem padrões de comportamento arriscados, exposição a condições de risco, status nutricional, práticas de amamentação e condições de higiene. O sistema de saúde é medido a partir do ponto de vista da satisfação do usuário em diversas dimensões, tais como, amabilidade do provedor, competência, tempo de espera, custo, distância e etc.
Educação Essa categoria indica o ritmo de crescimento das taxas de alfabetização e do acesso às escolas e faculdades, além de avaliar a eficácia da educação em prol da meta do bem-estar coletivo. O domínio da educação leva em conta vários fatores, tais como: participação, competências, apoio educacional, entre outros. Esse domínio inclui no seu escopo a educação informal (competências nativas, técnicas tradicionais orgânicas de agricultura e pecuária, remédios caseiros, genealogias familiares, conhecimento sobre a cultura e história locais).
Cultura O domínio da cultura leva em conta a diversidade e o número de instalações culturais, padrões de uso, diversidade no idioma e participação religiosa. Os indicadores estimam valores nucleares, costumes locais e tradições, bem como a percepção de mudanças em valores e tradições.
Padrão de vida Avalia a renda per capita e a qualidade dos bens e serviços disponíveis à população. O domínio do padrão de vida cobre o status econômico básico dos cidadãos do país. Esses indicadores avaliam os níveis de renda ao nível individual e familiar, medem a segurança financeira, o nível de dívidas, a qualidade das habitações e o montante de assistência em espécie recebida por familiares e amigos.
Uso do tempo Avalia a possibilidade que cada um tem de escolher como aproveitar seus dias. Os indicadores devem mostrar o tempo que a população dedica ao trabalho, à família e à cultura, considerados fundamentais para a sensação de bem-estar das pessoas.
Vitalidade Comunitária O índice mostra o grau de identidade entre os habitantes. O domínio da vitalidade comunitária foca nas forças e nas fraquezas dos relacionamentos e das interações nas comunidades. Ele examina a natureza da confiança, da sensação de pertencimento, a vitalidade dos relacionamentos afetivos, a segurança em casa e na comunidade, a prática de doação e de voluntariado. Esses indicadores possibilitarão aos formuladores de política pública rastrear as mudanças nos efeitos adversos para a vitalidade comunitária.
Boa Governança Avalia como a população enxerga o governo; ver se ele passa a imagem de que respeita características como responsabilidade, honestidade e transparência. Os temas desses indicadores incluem liderança em vários níveis do governo, na mídia, no judiciário, na polícia e nas eleições.
Atualmente, existem diversas discussões em torno da revisão do cálculo da riqueza de um país. Para quem não entende muito sobre o assunto, o PIB é uma medida quantitativa e não qualitativa, ou seja, não leva em conta a distribuição da renda e não inclui nenhum julgamento moral sobre o valor da atividade executada. Então, por exemplo, quando o petróleo é extraído do solo e vendido aos consumidores, isso é somado à riqueza de uma nação, e não contabilizado como um esgotamento de seus recursos.
Esperamos que, ao mudarmos a maneira como calculamos a atividade econômica, possamos mudar nossas prioridades políticas e construir sociedades mais felizes e ambientalmente justas.

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